(...) 2015: Mais um ano sem Carnaval em
Guaratinguetá. Notícia que não mais assusta ninguém. Triste realidade,
estamos nos acostumando com isso. O que mais preocupa é a rotina cruel
dessa infeliz decisão nas últimas administrações municipais; constatação
efetiva de que a nossa mais importante manifestação popular passa pela
pior crise de sua secular tradição.
Vamos aos fatos. Não concordo e
nunca concordarei com o discurso demagógico do Poder Público, que
insiste em tratar o nosso Carnaval como negócio, visando lucro,
considerando investimento, lucro e prejuízo. Isso é um absurdo ! É a
cultura de um povo, a união de diferentes comunidades visando um nobre
ideal, a movimentação do comércio local (mesmo que sejam bares,
mercearias dos bairros e, até mesmo, os pontos maiores), o lazer com os
eventos típicos das agremiações, os profissionais diretos e indiretos
que usufruem de um recurso-extra em seus orçamentos familiares, a mídia
municipal e regional cobrindo as festas ... enfim, não se resume na
simples montagem de uma Avenida com arquibancadas, som, iluminação,
camarotes, banheiros químicos e seguranças para quatro dias. Não é isso,
absolutamente ! Faltam, no mínimo, sensibilidade e bom senso ! E não
venham com estatísticas e números comprados, fajutos ... “aqui não cola”
!
Bom, vamos agora às entidades carnavalescas constituídas. É
nítido e claro que, com todo o respeito, as Diretorias das Escolas e da
OESG, com raras exceções (e elas existem, mas melhor não citar nomes,
para não particularizar), decaíram barbaramente nos últimos anos, e as
figuras de prestígio nas comunidades, aquelas pessoas em que o próprio
Poder Público sente confiança, os recebendo oficialmente com apreço e
atenção, se preocupando e tratando os projetos em comum desde o começo,
simplesmente ... sumiram ! Em outras palavras, nosso Carnaval virou
“Terra de Ninguém”! Em virtude disso, os componentes desanimaram, as
comunidades acabaram se dividindo em outras atividades e as Escolas
ficaram com “meia- dúzia” de abnegados remando contra a maré. Isso tem
que mudar, mas a principal mudança deve vir de “cima” para “baixo”.
Aliado
a esses fatos, conjecturas à parte, não resta dúvida alguma que o fator
financeiro é também um dos algozes dessa situação. Talvez o principal. A
pergunta é: COMO AS ESCOLAS PODEM DIMINUIR GASTOS ? Eis a questão. Uma
Escola Campeã gasta cerca de 150 mil reais. Surge uma modesta opinião.
Temos que acompanhar, sim, o modelo dos desfiles de São Paulo e Rio de
Janeiro, os principais do país, mas dentro de nossa realidade,
estabelecendo limites.
A primeira atitude é definir um “teto”
para determinados ítens, como: 1) Máximo de três alegorias (incluindo-se
tripés e quadripés) - são somente três e ponto final, já com o
Abre-Alas ! ... 2-) Máximo de Alas de Enredo (tirando Bateria, Baianas,
Velha-Guarda, Passistas e Crianças): 06 (não sendo permitidas comissões
de meio) ... 3-) Máximo de integrantes na Comissão de Frente: 07!
Somente nesses três itens já teríamos uma economia de, em média, 30 mil
reais. E podem aparecer mais idéias nesse sentido ! Impor limites !
A
segunda atitude é utilizar os profissionais do Rio de Janeiro e São
Paulo como coordenadores de oficinas de quesito nas agremiações, mas
formando tecnicamente nossos sambistas, sejam eles, carnavalescos,
figurinistas, enredistas, intérpretes, músicos, casais de mestre-sala e
porta-bandeira, costureiras, aderecistas ... enfim, tudo o que for para
julgamento na Avenida será trabalhado aqui, com nossos cidadãos ! Já
daria mais uma economia de, também, na faixa de 30 mil reais.
Colocando
que, como parceira e também fomentadora de cultura, a Prefeitura deva
conceder uma subvenção na faixa de 60 mil reais para cada Escola, e com
um orçamento de agremiação campeã que já caiu para, praticamente, 90 mil
reais, as entidades trabalharão para buscar 30 mil reais durante o ano.
Algo perfeitamente possível e saudável financeiramente.
Bom, como
já disse, essa é uma sugestão apenas ! Tomara que para 2016 o panorama
comece a mudar, que o Poder Público reveja seus posicionamentos frios e
calculistas, analisando com sensibilidade e respeito o nosso “Teatro de
Rua” e que, principalmente, a OESG mude completamente, já que haverá
eleição agora em março, e torcemos para que uma Diretoria coesa e com
membros de representação seja formada e empossada, já estreitando os
diálogos com a Prefeitura, com projetos concretos para 2016. Os
sambistas de Guaratinguetá agradecerão!
Por TIAGO DOMINGOS
Carnavalesco e Enredista
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