sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Carnaval 2015 - RESPEITE QUEM PODE CHEGAR ONDE A GENTE CHEGOU!!!



(...) 2015: Mais um ano sem Carnaval em Guaratinguetá. Notícia que não mais assusta ninguém. Triste realidade, estamos nos acostumando com isso. O que mais preocupa é a rotina cruel dessa infeliz decisão nas últimas administrações municipais; constatação efetiva de que a nossa mais importante manifestação popular passa pela pior crise de sua secular tradição.
Vamos aos fatos. Não concordo e nunca concordarei com o discurso demagógico do Poder Público, que insiste em tratar o nosso Carnaval como negócio, visando lucro, considerando investimento, lucro e prejuízo. Isso é um absurdo ! É a cultura de um povo, a união de diferentes comunidades visando um nobre ideal, a movimentação do comércio local (mesmo que sejam bares, mercearias dos bairros e, até mesmo, os pontos maiores), o lazer com os eventos típicos das agremiações, os profissionais diretos e indiretos que usufruem de um recurso-extra em seus orçamentos familiares, a mídia municipal e regional cobrindo as festas ... enfim, não se resume na simples montagem de uma Avenida com arquibancadas, som, iluminação, camarotes, banheiros químicos e seguranças para quatro dias. Não é isso, absolutamente ! Faltam, no mínimo, sensibilidade e bom senso ! E não venham com estatísticas e números comprados, fajutos ... “aqui não cola” !
Bom, vamos agora às entidades carnavalescas constituídas. É nítido e claro que, com todo o respeito, as Diretorias das Escolas e da OESG, com raras exceções (e elas existem, mas melhor não citar nomes, para não particularizar), decaíram barbaramente nos últimos anos, e as figuras de prestígio nas comunidades, aquelas pessoas em que o próprio Poder Público sente confiança, os recebendo oficialmente com apreço e atenção, se preocupando e tratando os projetos em comum desde o começo, simplesmente ... sumiram ! Em outras palavras, nosso Carnaval virou “Terra de Ninguém”! Em virtude disso, os componentes desanimaram, as comunidades acabaram se dividindo em outras atividades e as Escolas ficaram com “meia- dúzia” de abnegados remando contra a maré. Isso tem que mudar, mas a principal mudança deve vir de “cima” para “baixo”.
Aliado a esses fatos, conjecturas à parte, não resta dúvida alguma que o fator financeiro é também um dos algozes dessa situação. Talvez o principal. A pergunta é: COMO AS ESCOLAS PODEM DIMINUIR GASTOS ? Eis a questão. Uma Escola Campeã gasta cerca de 150 mil reais. Surge uma modesta opinião. Temos que acompanhar, sim, o modelo dos desfiles de São Paulo e Rio de Janeiro, os principais do país, mas dentro de nossa realidade, estabelecendo limites.
A primeira atitude é definir um “teto” para determinados ítens, como: 1) Máximo de três alegorias (incluindo-se tripés e quadripés) - são somente três e ponto final, já com o Abre-Alas ! ... 2-) Máximo de Alas de Enredo (tirando Bateria, Baianas, Velha-Guarda, Passistas e Crianças): 06 (não sendo permitidas comissões de meio) ... 3-) Máximo de integrantes na Comissão de Frente: 07! Somente nesses três itens já teríamos uma economia de, em média, 30 mil reais. E podem aparecer mais idéias nesse sentido ! Impor limites !
A segunda atitude é utilizar os profissionais do Rio de Janeiro e São Paulo como coordenadores de oficinas de quesito nas agremiações, mas formando tecnicamente nossos sambistas, sejam eles, carnavalescos, figurinistas, enredistas, intérpretes, músicos, casais de mestre-sala e porta-bandeira, costureiras, aderecistas ... enfim, tudo o que for para julgamento na Avenida será trabalhado aqui, com nossos cidadãos ! Já daria mais uma economia de, também, na faixa de 30 mil reais.
Colocando que, como parceira e também fomentadora de cultura, a Prefeitura deva conceder uma subvenção na faixa de 60 mil reais para cada Escola, e com um orçamento de agremiação campeã que já caiu para, praticamente, 90 mil reais, as entidades trabalharão para buscar 30 mil reais durante o ano. Algo perfeitamente possível e saudável financeiramente.
Bom, como já disse, essa é uma sugestão apenas ! Tomara que para 2016 o panorama comece a mudar, que o Poder Público reveja seus posicionamentos frios e calculistas, analisando com sensibilidade e respeito o nosso “Teatro de Rua” e que, principalmente, a OESG mude completamente, já que haverá eleição agora em março, e torcemos para que uma Diretoria coesa e com membros de representação seja formada e empossada, já estreitando os diálogos com a Prefeitura, com projetos concretos para 2016. Os sambistas de Guaratinguetá agradecerão!


Por TIAGO DOMINGOS 
Carnavalesco e Enredista

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